Muitos de nós, que nos dedicamos ao estudo e à pesquisa da reencarnação, ou seja, da pluralidade das existências, já questionamos a respeito de não termos lembrança, na memória atual, dos equívocos de vidas passadas.
À primeira vista, se nos afiguraria injusto, sofrermos por algo que fizemos em vidas anteriores e que não nos recordamos, dificultando assim o arrependimento e consequente mudança de postura.
Há diversos ângulos importantes a serem abordados nessa questão. O primeiro deles seria relativo ao estudo do mecanismo que determina o adormecimento das lembranças de vidas anteriores. Adormecimento, e não apagamento, pois as lembranças encontram-se nos porões do nosso inconsciente.
O segundo ângulo seria da compreensão filosófica, ou a razão do porquê, desse esquecimento temporário.
Aspecto científico do esquecimento do passado
Quando nós, Espíritos, retornamos para uma nova vida física, o processo da reencarnação inicia-se no momento da fecundação (concepção). O Espírito reencarnante se liga a cada molécula do embrião em formação para fixar-se, gradativamente, ao novo invólucro biológico. Essa fixação progressiva ao embrião, em especial ao novo cérebro fetal, ocasiona a mente expressar-se pelos novos neurônios recém-formados, daí o esquecimento do passado.
Além disso, no momento em que a glândula pineal do feto está formada, o
Espírito (via chacra coronário) passa a se expressar pelo novo cérebro, reforçando a anestesia ou adormecimento das lembranças de vidas anteriores, as quais, não se perdem, permanecem, todas elas, arquivadas nos núcleos energéticos do inconsciente, que está na essência do Espírito.
Outro fenômeno que contribui para a anestesia da consciência, daquele que renasce, é a miniaturização do corpo espiritual, já que as moléculas que compõem o corpo espiritual sofrem um adensamento com o intuito de fixação ao novo organismo físico de aproximadamente 50 centímetros. Esta miniaturização, sem perda de suas propriedades, dá-se por redução da vibração, ocasionando uma maior concentração dos elementos constituintes do corpo espiritual, portanto um adensamento para o encaixe no corpo fetal.
Aspecto filosófico do esquecimento do passado
Somos informados, através das mensagens psicografadas, sobre a razão do esquecimento temporário do passado. Esclarecem-nos, os amigos que já retornaram ao Plano Espiritual, que, seria muito difícil convivermos, às vezes até sob o mesmo teto, com algozes ou vítimas nossas de vidas anteriores caso tivéssemos, em nossa consciência, as lembranças de vidas pregressas.
Sabemos que os lares são ninhos apropriados para o desabrochar dos melhores sentimentos, revestidos da mais pura autenticidade. Os filhos que hoje acalentamos no colo, e nos comovem pela ternura do aspecto infantil, podem ter sido Espíritos de difícil ou traumática convivência conosco em encarnações anteriores.
Retornam a nós, atraídos pelo magnetismo da mútua experiência que nos uniu no passado e, agora, temos, pelo esquecimento do passado, a oportunidade do mútuo perdão e desenvolvimento do amor. A anestesia do passado, portanto, é uma necessidade que visa a facilitar superação de difíceis provas. Além disso, é um véu parcial que será retirado em momento futuro.
Acomodação e conformismo.
Com relação a ideia de que o conhecimento da reencarnação geraria uma atitude conformista e acomodada às limitações que possuímos ou vivenciamos, é ledo engano. Na Doutrina Espírita, nascida na França e codificada por Allan Kardec, não existe a concepção do Carma estático.
O Carma é dinâmico e deve ser mudado a cada minuto de nossa existência, com atos, palavras e ações constantes. Reencarnamos para mudar, progredir, evoluir e superar as imperfeições, e não para “pagar pecados”.
Não aceitamos, nem tampouco compactuamos, com as concepções de que se deve adotar uma atitude conformista frente às limitações em geral. Ensina-nos, a concepção espírita – com base em Kardec- que todas as limitações são desafios que devem ser vencidos e é nossa obrigação vencê-los, o que diverge, completamente, da visão de alguns orientais.
Além disso, ao tomarmos conhecimento de que a situação de vida atual não é uma determinação arbitrária de Deus, privilegiando uns em detrimento de outros, mas a consequência de atos nossos de vidas passadas, exige-se uma mudança de postura, uma não-acomodação, semeando amor e trabalho para colher frutos de harmonia e paz.
Atos contrários às leis da natureza ou à Lei de Deus, produzem energias que se gravam em nosso Espírito e, automaticamente, nos levam a renascer com determinadas fragilidades ou em locais inóspitos, porém são os locais e situações adequadas ao amadurecimento do nosso psiquismo milenar.
No entanto, novas vidas e novas oportunidades oportunizarão que todos os Seres evoluam, transformem-se para melhor. “Nenhuma das ovelhas se perderá”
A reencarnação, na visão espírita, não aceita a posição acomodada de uma vida pouco útil ou plena de equívocos para, no momento final da vida o “aceitar a Deus ou Jesus” e com isso nos tornarmos merecedores de vida pós morte, plena de felicidade.
A concepção de uma vida única, no nosso modo de entender, seria um estímulo ao comodismo e uma transferência da responsabilidade de nosso crescimento espiritual para outrem, ou seja, transferir para Deus, Jesus, ou um líder religioso a “salvação”.
Assim, pelas reencarnações ocorrem, sempre, novas a aquisições e constante crescimento baseados no esforço próprio.
Autor: Dr. Ricardo Di Bernardi